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Estudante de 17 anos, filha de dona de casa e mecânico, é aprovada em medicina na UnB: 'Comecei a chorar'
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Publicado em 02/04/2022

Maria Clara de Melo foi aprovada em medicina na UnB, aos 17 anos — Foto: Arquivo pessoal

 

Maria Clara Carvalho de Melo diz que estudava cerca de 12 horas por dia para alcançar objetivo. Ela fala da emoção com resultado: 'Fiquei assustada, nunca tinha visto meu pai chorar'.

Aos 17 anos, a estudante Maria Clara Carvalho de Melo deu um novo motivo de orgulho para os pais, a dona de casa Leila Honoria Carvalho de Melo, de 52 anos, e o mecânico José Corrêa de Melo, de 73 anos. Nesta semana, a adolescente foi aprovada no vestibular de medicina da Universidade de Brasília (UnB).

Maria Clara conseguiu a vaga pelo Programa de Avaliação Seriada (PAS), e conta que vivia uma rotina diária de 12 horas de estudo. O esforço valeu a pena e a descoberta foi de muita alegria. Segundo a jovem, ao chegar em casa, o pai desabou em emoção.

 

"Ele me abraçou e começou a chorar. Fiquei assustada porque nunca tinha visto meu pai chorar. Minha tia também ligou e disse que estava muito orgulhosa de mim. Então, eu também comecei a chorar", lembra.

Luta e dedicação

 

Maria Clara cresceu no Guará, onde o pai ganha a vida como mecânico. "Ele começou com um caixinha de ferramentas e um pedaço de cobertura embaixo de um pé de abacate", lembra a esposa, Leila, que cuidava dos afazeres domésticos e sempre fez questão de acompanhar os estudos de Maria Clara e de Ana Luiza, a caçula, de 13 anos.

Apesar de todas as dificuldades, a mãe corria atrás de bolsas escolares integrais para as filhas em colégios particulares, e conseguia. No ano passado, o colégio onde Maria Clara suspendeu as bolsas totais, e a jovem teve que migrar para uma instituição pública. Mas a mudança não a impediu de continuar focada.

 

"Eu era bem focada mesmo e conseguia ficar muitas horas estudando. Tentei, apostei e deu certo", analisa Maria.

Maria Clara Carvalho de Melo, de 17 anos, passou pra medicina na UnB pelo PAS — Foto: Arquivo pessoal

A mãe conta que a educação sempre foi uma preocupação em casa. Tanto que, desde cedo, matriculou a primogênita no Centro Interescolar de Línguas (CIL) do Guará, que oferece aulas de idiomas gratuitamente. Aos 15 anos, a jovem formou-se em inglês.

"O que elas [as filhas] precisam para educação, elas têm. Luxo não tem não, mas para a formação delas, para o crescimento, eu corro atrás, eu peço, não tenho vergonha. E é assim que a gente vive", destaca Leila.

O sonho

 

Maria Clara descobriu por volta dos 11 anos que queria ser médica, ao assistir a um seriado na TV. Ela lembra que passou a observar também como "era bonito se doar inteiro para outras pessoas".

Mas com o orçamento apertado e as contas na ponta do lápis, a mãe incentivava a jovem a estudar bastante para alcançar os sonhos.

 

"Ela cresceu ouvindo que a gente não poderia pagar faculdade particular, que se quisesse mesmo ser médica, ela tinha que estudar e fazer faculdade federal. A pessoa tem que colocar na mente que pode vencer. Nada cai nada do céu. Tem que ir à luta", diz a mãe.

Fonte: G1

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