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Homicídio na Festa do Mastro: Homem incluso como réu questiona processo e se sente intimidado por assistente de acusação
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Publicado em 02/05/2023

Medo e revolta. Esses são os sentimentos detalhados por Vinícius Eduardo, que trabalha como barbeiro, e que está sendo acusado de participar do homicídio contra Denisson Marques Melo, durante a Festa do Mastro da cidade de Capela, no dia 3 de julho de 2022. O réu procurou a reportagem de uma radio para dizer que foi abordado de forma ilegal pelo advogado que atua como assistente de acusação no processo, que teria sido o responsável por acusá-lo de participar do crime.

“Ele (assistente de acusação) me enviou um e-mail, que até então eu não sabia de quem se tratava, me perguntando quem era o rapaz de camisa camuflada que aparecia nos vídeos da briga. Foram dois e-mails e eu não respondi nenhum. A partir desse episódio eu procurei um advogado e descobri que o e-mail estava sendo enviado pelo assistente de acusação. Ele queria a todo custo que eu informasse quem era o rapaz que ele estava procurando”, explica Vinícius.

O barbeiro conta que no dia da festa, chegou a testemunhar o início de uma confusão que teria antecedido o homicídio. “A gente estava próximo a um paredão e tudo começou quando uma menina derrubou a cerveja de um rapaz que estava próximo. Ela se ofereceu para pagar outra, mas ele não quis. Só que aí ele começou a ‘dar em cima’ dela, o namorado dela viu e partiu pra cima dele, iniciando a confusão”, conta.

Registro feito por Vinicius mostra a vestimenta usada por ele durante a festa

Em seguida, Vinicius complementa que ele chega a aparecer no vídeo da confusão, mas na tentativa de ajudar um amigo. “Tem um vídeo que mostra que eu vou tentar ajudar um rapaz que está caído, pensando que é um amigo, mas descobri que não era. Ainda assim eu ajudo ele a levantar e logo em seguida sou puxado pela minha namorada para fora do tumulto. Dá para ver claramente que eu estou de bermuda preta e sem camisa. O suspeito que eles estão procurando está usando camisa camuflada e bermuda de outra cor”, relata.

Trecho do vídeo em que Vinicius aparece ajudando outra pessoa a levantar

O réu diz que não esteve envolvido na outra briga, que culminou na morte de Denisson. Ele acredita que o assistente de acusação está o colocando dentro do processo, por não ter obtido as informações que levem ao outro suspeito que aparece de camisa camuflada e short rajado no momento do homicídio.

Vinicius conta que prestou Boletim de Ocorrência e levou à Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe, a denúncia contra o advogado que atua como assistente de acusação, pela abordagem ilegal.

A radio também entrou em contato com o advogado que representa Vinicius no processo, Josefhe Barreto, que disse acreditar na absolvição do cliente. “Os vídeos são claros e mostram que ele não tem participação no evento delituoso. Nós já estamos preparando a apresentação da resposta a acusação, pedindo absolvição sumária e rejeição da denúncia em relação a ele. Ele está na condição de testemunha e não de partícipe ou réu”, pontuou.

O advogado de defesa também criticou a forma como Vinicius foi abordado pelo assistente de acusação. “Ele de maneira alguma, na condição de assistente de acusação no processo, poderia fazer contato com algum réu. É uma investigação ilegal”, afirmou.

Relembre

Denisson Marques Melo foi morto no dia 3 de julho de 2022, após uma confusão generalizada na popular Rua do Fluxo, na cidade de Capela, durante os festejos da Festa do Mastro. Após cair desacordado, Denisson foi perfurado no pescoço e no tórax. O laudo cadavérico apontou que foram três perfurações distintas, de tamanhos diferentes, e que a causa da morte foi as perfurações na região torácica.

No curso do inquérito, a Polícia Civil indiciou Phablo Alexandre Cerqueira Santos pelo crime de homicídio. Ele foi preso e confessou ter perfurado o pescoço da vítima com um pedaço de vidro. O Ministério Público de Sergipe, com o andamento das investigações, incluiu como réus no inquérito Vinicius Eduardo Santos Cruz, que até ser identificado, vinha sendo mencionado como Duin nos autos; e Max Wellington dos Santos, que no entendimento do MPSE e do assistente de acusação, também teria perfurado a vítima já no chão.

O processo segue em andamento, ainda em fase das defesas. Nos próximos dias a defesa de Vinicius Eduardo deve apresentar resposta às acusações.

 

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