Um entregador de 27 anos foi vítima de agressões verbais e físicas enquanto realizava uma entrega na noite deste domingo (14), em um condomínio residencial localizado na Avenida Maria José Santos, no município de Itabaiana (SE). O caso está sendo investigado pela Delegacia Regional da cidade e gerou forte comoção entre colegas da categoria.
Rafael dos Santos Tavares, que atua como entregador há quatro meses e também trabalha como gari no município, contou em entrevista ao Portal Fan F1 que esta foi a primeira vez em que sofreu uma agressão enquanto exercia a função. “Sempre tratei todos os clientes com respeito. A gente sai para trabalhar com dignidade, não para ser humilhado ou agredido”, disse, visivelmente abalado.
Segundo Rafael, a agressão aconteceu por volta das 19h30, durante a última de três entregas realizadas dentro do condomínio. O cliente, um feirante bastante conhecido no Mercado Municipal de Itabaiana, teria se irritado com o tempo de espera e recebido o entregador aos gritos.
“Ele já estava com os braços cruzados, me xingando antes mesmo de eu falar qualquer coisa. Disse que estava há quase 15 minutos à minha espera, me chamou de ‘filho do câncer’. Eu perguntei se queria que eu devolvesse o pedido. Ele disse que sim, mas quando fui guardar o pedido na bag, ele tomou da minha mão e jogou em cima de mim”, relatou.
O entregador ainda tentou registrar a situação com a câmera acoplada ao capacete, mas o agressor arrancou o equipamento e o arremessou ao chão. Em seguida, Rafael utilizou o celular e conseguiu gravar parte do episódio.
“Me senti humilhado. Ele me deu dois socos no peito. Eu me assustei porque não esperava. As pessoas dizem ‘mas você é maior que ele’, mas não é isso. Eu congelei. Fiquei chocado, indignado. Não consegui dormir. Dei entrevista às cinco da manhã porque estava acordado desde então. A cabeça não parava”, desabafou.
O Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Regional de Itabaiana aponta os crimes de vias de fato, injúria e dano. A Polícia Civil informou que está recolhendo imagens das câmeras de segurança do condomínio para auxiliar nas investigações.
Rafael ainda revelou que o mesmo cliente já havia discutido com outros entregadores, embora sem ter chegado à agressão física. Apesar do trauma, ele afirma que continuará trabalhando. “Eu gosto do que faço. Trabalho todos os dias, de domingo a domingo, por escolha própria. Mas a gente precisa de respeito. Mesmo que eu tivesse demorado 30 ou 40 minutos, nada justificaria agressão”, concluiu.