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Rayllan Robson: de servidor da Alese a empresário com contratos em Brasília
Coincidência ou estratégia política?
Por André Morais
Publicado em 03/08/2025 12:43 • Atualizado 03/08/2025 14:01
Noticias

Nos bastidores da política sergipana, o nome de Rayllan Robson Monteiro Fernandes passou a circular com mais intensidade após uma sequência de movimentações que levantam questionamentos sobre o uso de recursos públicos e possíveis estratégias de ataque político.

 

Ex-servidor da Assembleia Legislativa de Sergipe (Alese), Rayllan esteve lotado, até maio de 2024, no gabinete da deputada estadual Âurea Ribeiro, conforme indicam os registros oficiais. Pouco tempo depois, em julho, já aparecia em nova função: empresário contratado pela Câmara dos Deputados, tendo recebido mais de R$ 72 mil em apenas três meses, por meio de pagamentos autorizados pelo deputado federal Gustinho Ribeiro.

 

O que chama a atenção não é apenas a rapidez dessa transição, mas o timing com que ela ocorre. No mesmo período em que os repasses à sua empresa são registrados, Rayllan intensifica ataques nas redes sociais contra a gestão do prefeito de Lagarto, Sérgio Reis. A coincidência entre os pagamentos e a virada no comportamento digital do agora empresário levanta dúvidas: seria apenas uma mudança profissional ou parte de uma movimentação política articulada?

 

Um elo com Brasília

Os contratos firmados com a Câmara dos Deputados têm como ponto comum a atuação de Gustinho Ribeiro, figura de influência na política federal e com laços estreitos com lideranças do interior de Sergipe. Embora ainda pouco explorada publicamente, a relação entre Gustinho e Rayllan se concretizou através de repasses significativos para uma empresa recém-apresentada ao cenário político.

 

O que motivou a escolha dessa empresa? Quais serviços foram prestados? E por que justamente neste momento? São perguntas que ainda não obtiveram respostas claras por parte dos envolvidos.

 

Redes sociais como ferramenta de narrativa

Enquanto os contratos se firmavam, as postagens de Rayllan nas redes sociais ganhavam tom cada vez mais crítico contra a atual administração municipal. A virada no discurso coincide com a saída do seu cargo na Alese e com o início da relação contratual com a Câmara. Para muitos, essa sequência de eventos não parece ser casual — e sim parte de um projeto de posicionamento político e construção de imagem de oposição.

 

A atuação digital passou a desempenhar um papel relevante na disputa por narrativas. Os ataques frequentes e direcionados à gestão municipal ganharam volume exatamente quando o empresário começava a faturar com recursos públicos federais. A relação entre dinheiro, narrativa e estratégia digital levanta um alerta importante sobre o uso político da comunicação.

 

Falta de transparência e vigilância necessária

A movimentação de Rayllan expõe fragilidades na fiscalização da utilização de recursos públicos e reforça a necessidade de maior transparência nas relações entre entes federativos, contratos e agentes políticos. A ausência de informações claras sobre os serviços prestados e o silêncio dos envolvidos apenas alimentam a desconfiança pública.

 

A pergunta que se impõe é direta: há um projeto político por trás dessa trajetória ou estamos diante de uma série de coincidências mal explicadas?O tabuleiro ainda está em jogo

A história de Rayllan Robson, que vai de assessor parlamentar estadual a empresário com contratos federais e postura militante nas redes sociais, ainda não foi totalmente esclarecida. O caso reúne ingredientes típicos do tabuleiro político: movimentações rápidas, conexões silenciosas, recursos públicos e uma intensa batalha por narrativa.

 

Cabe à sociedade — e aos órgãos de controle — acompanhar de perto cada movimentação. Porque, no fim das contas, não se trata apenas de cargos ou contratos: trata-se de dinheiro público, transparência e respeito à inteligência do cidadão.

 

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