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Valmir Amorim? A relação que resiste ao tempo e aos escândalos
Por André Morais
Publicado em 17/08/2025 15:24
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O que mede a grandeza de uma relação é a fidelidade. E fiel é quem permanece, mesmo quando o cenário muda. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza mas, na política, nem sempre se segue até que a morte separe.

A trajetória política de Valmir de Francisquinho é marcada por altos e baixos, mas um fio condutor permanece: sua aliança com o empresário e ex-articulador político Edvan Amorim. Em 2022, essa relação, quase umbilical, foi questionada em meio a especulações, reviravoltas judiciais e expectativas frustradas. Agora, em 2025, o enredo ganha mais um capítulo com um negócio imobiliário milionário que reacende dúvidas e expõe os bastidores dessa aliança.

A fidelidade posta à prova

Em 2022, Valmir entrou na disputa pelo Governo de Sergipe em condição de inelegibilidade, oriunda de uma condenação ligada às eleições de 2018. Nos bastidores, falava-se que Edvan, com influência junto ao presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, teria garantido a Valmir que reverteria a decisão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Apesar das promessas, a candidatura de Valmir foi barrada, e o tão esperado apoio jurídico não se concretizou a tempo. Surgiram então rumores de que o verdadeiro plano seria apenas mantê-lo na disputa até o último momento para fortalecer a viabilidade do irmão de Edvan, o ex-senador Eduardo Amorim que também não obteve êxito nas urnas.

A reversão da inelegibilidade de Valmir veio apenas no segundo turno, com o apoio inesperado do PT, selando uma aliança pragmática. Ainda assim, a relação com os Amorim permaneceu, embora mais discreta.

Amorim, Valmir e um terreno de R$ 1,7 milhão

O capítulo mais recente dessa parceria silenciosa envolve a aquisição e revenda de um terreno em Itabaiana, protagonizado por Danilo Amorim, filho de Edvan.

Em abril de 2025, Danilo adquiriu uma área tradicionalmente usada para futebol amador por R$ 150 mil. Apenas três meses depois, em julho, a Prefeitura de Itabaiana comandada por um aliado de Valmir desapropriou o terreno por R$ 1,7 milhão, alegando "interesse público". A valorização meteórica de mais de 1000% levantou suspeitas de favorecimento, tráfico de influência e até possíveis irregularidades fiscais.

O negócio foi legalizado e aprovado pela Câmara Municipal, com aval dos vereadores. Ainda assim, paira no ar o questionamento: sorte, influência ou ambos?

Entre bastidores e benefícios

A política sergipana já testemunhou muitas reviravoltas, mas poucas alianças se mostraram tão resilientes quanto a de Valmir e Edvan. Mesmo após desconfianças, disputas de poder e traições veladas, os dois seguem entrelaçados, direta ou indiretamente. Os negócios agora falam por si.

Diante disso, já não parece exagero pensar que o nome mais apropriado para a aliança atual seja “Valmir Amorim”. Um apelido simbólico para um político que, mesmo tentando manter distância, nunca se afasta completamente da influência dos Amorim.

 

Tudo legal, tudo aprovado. Mas como sempre, na política, o que está nas entrelinhas muitas vezes diz mais do que o que está nos autos.

 

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