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Crise, ego e disputa: oposição volta a ferver após declaração de Emília Corrêa
Por André Morais
Publicado em 11/12/2025 14:45
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A tão falada “pacificação” da oposição durou pouco. Bastaram algumas palavras da prefeita de Aracaju, Emília Corrêa, para reacender um fogo que muita gente acreditava estar controlado. Ao reafirmar apoio aos nomes de Eduardo Amorim e Rodrigo Valadares para o Senado em 2026, Emília provocou uma reação imediata e nada discreta do ex-prefeito de Itabaiana e pré-candidato ao Senado, Adailton Souza.

Sentindo-se claramente preterido, Adailton divulgou uma nota à imprensa nesta quinta-feira, 11, em tom de desabafo e crítica velada à prefeita da capital. “Gratidão, fidelidade e lealdade é pra poucos, principalmente na política”, escreveu, numa mensagem direcionada, mas que soou como recado para toda a oposição.

Ele reforçou ainda que segue firme “de cabeça erguida”, ancorado no apoio de Valmir de Francisquinho, a quem chama de “líder respaldado pelo povo”. Na prática, um lembrete de que possui um padrinho político de peso e, por tabela, um recado de que o apoio de Emília não lhe faria falta.

O estopim tem grandes efeitos colaterais. A oposição, que vinha tentando mostrar unidade desde que Emília e Valmir assumiram protagonismo no Republicanos em Aracaju, volta ao centro de uma crise pública. A reação de Adailton expõe feridas que estavam apenas maquiadas: a disputa interna, a falta de alinhamento e o excesso de pré-candidatos para poucas vagas.

Num segundo trecho da nota, Adailton até tenta adotar um tom mais diplomático mas sem perder a pontada crítica: “Não me cabe alimentar polêmicas. Sigo o que aprendi na política: coerência e lealdade não se negociam.” O discurso, porém, contrasta com o cenário criado pela própria manifestação dele, que acaba inflando justamente o que ele diz não querer alimentar.

A verdade é que, tanto na situação quanto na oposição, há mais aspirantes ao Senado do que vagas disponíveis. O jogo político exige escolhas e, às vezes, cortes dolorosos. Mas, para Adailton, a decisão de Emília parece ter sido interpretada como um gesto pessoal, quase uma traição.

Resultado? A disputa por espaço, influência e narrativa ganhou um novo capítulo, e a oposição volta a mostrar que, apesar dos discursos de união, segue dividida, sensível e pronta para explodir ao menor movimento interno.

 

Enquanto isso, o eleitor assiste a tudo como quem observa um reality político cheio de tensão, vaidades e reviravoltas. E 2026 ainda nem começou.

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