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Prêmio de R$ 1 bilhão da Mega da Virada reacende debate sobre ilusão da riqueza e arrecadação bilionária do Estado
Enquanto brasileiros sonham com o maior prêmio da história, especialistas questionam o impacto social das loterias e o destino dos valores arrecadados
Por André Morais
Publicado em 22/12/2025 13:28
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A Mega da Virada 2025, marcada para o dia 31 de dezembro, promete entrar para a história ao oferecer, pela primeira vez, um prêmio estimado em R$ 1 bilhão. O valor, que representa um aumento de 57% em relação aos R$ 635,4 milhões pagos na edição de 2024, volta a mobilizar milhões de brasileiros em torno do sonho de uma virada financeira imediata mas também reacende críticas e questionamentos sobre o modelo das loterias no país.

Segundo a Caixa Econômica Federal, as apostas exclusivas para a Mega da Virada começaram no último dia 21, e todas as apostas feitas para a Mega-Sena a partir dessa data concorrem automaticamente ao concurso especial nº 2.955. A expectativa de arrecadação é recorde, impulsionada pelo valor histórico do prêmio e pelo apelo emocional típico do fim de ano.

Por outro lado, o montante bilionário chama atenção para uma realidade menos glamourosa: a enorme soma arrecadada junto à população, sobretudo das camadas mais pobres, que veem nas apostas uma das poucas chances de ascensão social. Críticos apontam que, enquanto poucos ganham, milhões continuam apostando semanalmente, alimentando um sistema altamente lucrativo para o Estado.

Em números, a escalada dos prêmios impressiona: R$ 378 milhões em 2021, R$ 541,9 milhões em 2022, R$ 588,8 milhões em 2023 e R$ 635,4 milhões em 2024, até chegar à marca inédita de R$ 1 bilhão em 2025. Para defensores das loterias, parte da arrecadação é revertida para áreas sociais como saúde, educação e esporte. Já os críticos cobram mais transparência e políticas públicas que não dependam da “fé na sorte” do cidadão.

 

Como se trata de um concurso especial, a Mega da Virada não acumula: caso ninguém acerte as seis dezenas, o prêmio é redistribuído entre os acertadores da quina e, sucessivamente, conforme o regulamento. Até lá, o país segue dividido entre a esperança de ficar bilionário da noite para o dia e o debate sobre até que ponto o sonho da sorte substitui soluções estruturais para as desigualdades sociais.

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