Ao longo deste ano, análises políticas e informações de bastidores já apontavam para um cenário cada vez mais adverso ao deputado federal Gustinho Ribeiro na tentativa de montar uma chapa minimamente competitiva para 2026. As dificuldades se acumulavam, as articulações emperravam e, nos bastidores, o diagnóstico era duro: suas chances de reeleição eram consideradas mínimas, quase nulas, segundo analistas e levantamentos internos.
Foram meses de negociações intensas, inclusive com setores da oposição, mas sem resultados práticos. Diante do risco real de naufrágio eleitoral, Gustinho optou por uma mudança estratégica: migrou para o Progressistas (PP), dentro da federação União Progressista (UP), numa tentativa clara de sair de uma situação extremamente delicada e voltar ao jogo político com alguma competitividade.
A federação União Progressista, formada por União Brasil e PP, é atualmente o maior bloco do Congresso Nacional e, em Sergipe, as projeções indicam potencial para eleger até dois deputados federais nas eleições de 2026. O problema é que o espaço já nasce disputado. A federação conta com nomes considerados fortes eleitoralmente, como Yandra Moura, Capitão Samuel e Levi Oliveira, o que eleva o nível da disputa interna e reduz a margem de erro para quem chega fragilizado.
No caso específico de Gustinho, a mudança representa uma espécie de “luz no fim do túnel”, ainda que distante. Sua situação política se agravou significativamente após a derrota do seu grupo nas eleições municipais de 2024, em Lagarto. O revés provocou uma debandada silenciosa e em alguns casos ruidosa de lideranças e acordos que sustentavam sua base, enfraquecendo sua musculatura eleitoral em várias regiões do estado.
Além disso, o parlamentar perdeu o controle partidário que mantinha, abrindo espaço para o avanço da oposição, embora esta não tenha conseguido atrair, até o momento, os principais quadros ligados ao deputado e ao grupo governista. O cenário segue instável e imprevisível.
O fato é que a troca de legenda não foi um movimento de conforto, mas de sobrevivência. Gustinho deixa para trás um quadro de isolamento político e aposta todas as fichas na estrutura e no peso da federação para tentar reverter um cenário que, até pouco tempo atrás, era considerado praticamente irreversível. Se a estratégia será suficiente para garantir sua permanência em Brasília, só o jogo eleitoral cada vez mais acirrado dirá.