A partir de janeiro, trabalhar nos shoppings Jardins e Riomar, em Aracaju, vai custar mais caro — literalmente. Funcionários de lojas e prestadores de serviço dos dois maiores centros comerciais da capital sergipana passarão a pagar para estacionar no próprio local de trabalho.

A administração dos shoppings comunicou oficialmente aos lojistas o fim da isenção ampla no estacionamento. A partir da nova regra, cada loja terá direito a apenas um cartão gratuito. Os demais funcionários deverão arcar com mensalidades de R$ 150,00 para carros e R$ 100,00 para motos.

A medida é respaldada por uma decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST), proferida em junho deste ano, que negou o pedido de gratuidade para empregados das lojas. Segundo o entendimento judicial, os shoppings não mantêm vínculo empregatício com esses trabalhadores e o estacionamento é uma atividade privada de exploração comercial.

Legalidade à parte, a decisão escancara um dilema social. Para muitos funcionários, especialmente aqueles que recebem salários baixos, o novo custo representa um peso significativo no orçamento mensal. Na prática, o trabalhador passa a pagar para exercer sua função, enquanto o empreendimento segue ampliando receitas.

Nos bastidores, o clima é de insatisfação. Há quem questione se a lógica comercial não está se sobrepondo à responsabilidade social, sobretudo em um momento de alto custo de vida, transporte público precário e salários apertados.

Enquanto isso, o recado parece claro: nos shoppings mais luxuosos de Aracaju, até o direito de trabalhar tem preço.