Reconhecida como Patrimônio Histórico e Cultural de Natureza Imaterial, a festa marca a abertura oficial dos festejos juninos do município
“Ô de casa, ô de fora. Maria vai ver quem é. São José também cantou nesse dia de alegria”. Essa é a letra de uma das cantigas que, acompanhada de um grupo de zabumbeiros, em um verdadeiro samba de roda, reúne pessoas de todas as idades que dançam alegremente em saudação ao Mastro, árvore cortada com machados e levada em cortejo pelas ruas do município de Lagarto antes de ser fincada em um dos pontos da cidade — marcando, assim, o início dos festejos juninos com a subida no Mastro. Neste ano, a Pega do Mastro inicia no sábado, dia 24 de maio, com o Forró do Mastro, e segue no domingo, 25, com o cortejo puxado por grupos da cultura popular e pelos cantores Bell Marques e Natanzinho Lima.
Reconhecida como Patrimônio Histórico e Cultural de Natureza Imaterial, por meio da Lei Municipal nº 1.091/023, a Pega do Mastro ocorre há 102 anos e marca o início dos festejos juninos do município. A manifestação cultural foi idealizada por dois amantes da cultura popular, conhecidos por Mario Cego e Santinho Machado, que criaram dois grupos: Capitão Galdino e Bola Preta.
A edição deste ano conta com o apoio do Governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), e traz como homenageado Geraldo de Oliveira Santos (Geraldo da Farmácia), um dos brincantes mais antigos e de grande contribuição para a manutenção da tradição.
Com um ganzá nas mãos e dançando em semicírculos, Geraldo relembra sua iniciação na Pega do Mastro. “Através de alguns amigos eu comecei a frequentar a festa, como mais um dos foliões. Logo depois, como eu sempre gostei de música, comecei a tocar zabumba, triângulo, e até hoje, mais de cinquenta anos depois, continuo brincando, não com a mesma intensidade, mas não deixo de participar”, relembra com emoção, ao mostrar instrumentos e objetos que guarda em casa, além de fotografias dos antigos companheiros.

Geraldo de Oliveira Santos (Geraldo da Farmácia) é o homenageado da Pega do Mastro 2025. (Foto: Jobson Luz/Secom Lagarto)
O homenageado também sonha com a continuidade da Pega do Mastro pelas futuras gerações. “A gente cortava o mastro com um machado, saudava o mastro com uma reza, colocava em um caminhão e seguia tocando a zabumba na maior animação pelas ruas. O mastro era fincado no chão e ficava até o dia da realização da Silibrina. A graça era as pessoas subirem no mastro e tentarem pegar os brindes que são colocados no topo dele”, explicou.
Além do acréscimo musical com trios elétricos, a Pega do Mastro também passou a ser frequentada por um público maior e diversificado, segundo Geraldo da Farmácia. “Hoje tem muito mais pessoas que antigamente. A participação de mulheres e crianças nessa brincadeira cresceu, além da juventude que também aparece para se divertir”, diz ao destacar que a organização da festa também mudou, passando a ser realizada pelo Governo Municipal. “Antigamente, tudo era feito entre amigos. Naquela época, Lagarto era uma cidade com população menor e mais pacata. Então, eu acredito que a nova geração tem uma missão e pode continuar construindo essa história. É só querer”.
Forró do Mastro
Em 1997, a Pega do Mastro passou a ter um dia a mais de festa, sendo idealizado por José Amilton de Andrade Prata, um dos colaboradores em atividade do evento. Após cerca de seis anos sem ser realizado, e como parte integrante do projeto de reativação cultural, o Forró retorna ao calendário neste ano, e acontece a partir das 19h do sábado, 24, na Praça Felino Fontes, popularmente conhecida como Praça da Antártica, quando sobem ao palco os forrozeiros Juvenal do Forró e Galeguinho Jovem Brasa.

José Amilton de Andrade Prata fez do Forró do Mastro parte da programação da Pega do Mastro. (Jobson Luz/SecomLagarto)
Incentivador apaixonado pela cultura lagartense, Amilton Prata colocou em prática, no dia 25 de maio de 1997, o Forró do Mastro, que, segundo ele, ficou em hiato por falta de apoio, mas que, neste ano, retorna só com o forró pé-de-serra para manter a tradição. “Penso que o forró tradicional é importante para construção da identidade cultural. Naquela época, eram só um triângulo, uma sanfona e uma zabumba, mas hoje a coisa está mais moderna. Eu penso que, quando a gente fala em tradição popular, é porque queremos manter aquilo que vem sendo escrito desde o passado”.
“Eu sou uma pessoa feliz, pois já participo dessa tradição há mais de quarenta anos. O nosso Forró do Mastro foi iniciado na Praça Felino Fontes, mas aconteceram algumas edições em outros bairros. Infelizmente, nos últimos anos a nossa festa foi esquecida. Neste ano tivemos um cortejo pelas ruas da cidade, o que demonstra o compromisso da gestão com a cultura local, inclusive, destaco o papel da Secretaria [Municipal] de Cultura, cujo gestor veste a camisa da cultura popular e apoia os artistas”, ressalta.
Amilton também deixa um recado às futuras gerações. “Aos mais novos, eu peço que não deixem morrer essa tradição e mantenham a parte cultural, mesmo agregando coisas novas. Não há coisa melhor do que a gente participar disso. Faz bem ao coração, faz bem à mente e à saúde”, diz, ao revelar que seu sonho é que seja construída uma arena reservada para que todos possam brincar sem precisar perturbar o sossego da comunidade.
Sobre o homenageado deste ano, o precursor do Forró do Mastro diz que “Geraldo é um dos baluartes da Pega do Mastro e da Silibrina. Ele é um dos que mais contribuíram para manter a memória da festa viva. Ele também possui um acervo muito grande com peças relacionadas à cultura de Lagarto, e é bastante participativo em outras festas como a Silibrina, inclusive, da Filarmônica”, finaliza.
Cultura
Para o secretário municipal da Cultura (Secult), Nenê Prata, a Pega do Mastro é mais que uma festa com grandes atrações musicais, é história, cultura e tradição. “É por isso que devemos enaltecer os artistas lagartenses que fazem tudo isso acontecer, desde a marcação do mastro até o desfile pelas ruas. Uma das nossas funções, enquanto instituição governamental, é justamente a de não deixar esse legado se apagar”, ressalta.
Esse compromisso é refletido no fortalecimento da cultura popular, que volta a ter destaque durante a festa, alinhando às modificações agregadas ao longo dos anos. “A ideia é não deixar morrer o perfil dessa festa que envolve toda a população lagartense. Além disso, é importante homenagear aquelas personalidades que fizeram ou fazem parte dessa história, e que estão vivas. Essa é uma das novidades que temos para este ano”, explica Nenê.
Turismo
O presidente da Comissão Permanente de Eventos do Município de Lagarto (CPEL), e secretário municipal de Turismo, Wédson Andrade, destaca a importância da Pega do Mastro como chamariz turístico, haja vista a festa ser o pontapé inicial dos festejos juninos da cidade, que possui belezas naturais e históricas.
“A Pega do Mastro, assim como todo o circuito junino de Lagarto, atrai turistas de todos os cantos do país. É um período em que a cidade se prepara para receber pessoas de todos os lugares que vêm festejar e conhecer aquilo que nós temos de melhor na cultura, gastronomia e no turismo como um todo. A nossa perspectiva é investir cada vez mais nesse nicho para que muito mais turistas nos visitem, fomentando a economia criativa local”, diz.
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O Especial Festival da Mandioca é produzido pelas equipes de Jornalismo e Marketing da Secretaria Municipal da Comunicação da Prefeitura de Lagarto, e tem como finalidade valorizar as festividades que estruturam a tradição junina no município. A primeira delas é a Pega do Mastro, que aparece nesta reportagem que você acabou de acessar e que abre os festejos juninos ainda em maio.
Fonte: Prefeitura de Lagarto - SECOM