A eleição interna do Partido dos Trabalhadores (PT) neste domingo, 6 de julho, reacende disputas históricas entre figuras centrais da política petista em Sergipe. Estão em cena nomes como Márcio Macêdo, Rogério Carvalho, Eliane Aquino, Ana Lúcia, Silvio Santos e Rosângela Santana. No entanto, é a crescente tensão entre Márcio e Rogério que domina o enredo atual.
Este texto não pretende apontar vencedores ou derrotados no Processo de Eleições Diretas (PED) do PT — embora o resultado certamente influencie os rumos do partido em 2026. O que mais chama atenção, neste momento, é como os gestos de agora antecipam as negociações do futuro.
Márcio e Rogério seguem em lados opostos no debate interno do PT. Divergem em métodos, discursos e estratégias. Porém, quando se trata da política externa ao partido, especialmente após as eleições municipais de 2024, o tom muda. A divergência interna tem se transformado, de forma curiosa, em convergência nos bastidores da política estadual.
Ambos caminham — ainda que por trilhas diferentes — em direção ao mesmo destino: a reeleição de Fábio Mitidieri em 2026.
Márcio Macêdo defende abertamente uma aliança com o PSD de Mitidieri em nome do chamado “projeto Lula”. Almeja espaço na chapa majoritária e aposta no pragmatismo. Para ele e seu grupo, o alinhamento com o governo estadual é uma estratégia de sobrevivência política, diante da perda de protagonismo que o PT enfrenta em Sergipe.
Já Rogério Carvalho adota um discurso mais comedido. Na última sexta-feira, em entrevista ao Jornal da Fan, minimizou a adesão de prefeitos petistas a Fábio com uma frase ambígua: “Tem a minha não divergência. Estou tranquilo com relação a isso.” Na prática, o senador autorizou nos bastidores o apoio dos aliados ao governador.
Mesmo mantendo o discurso público de independência, o grupo de Rogério sabe que o isolamento pode ser fatal para seus planos de reeleição. É nesse ponto que se revela a habilidade política de Mitidieri: com sutileza, conseguiu o improvável — fazer com que Márcio e Rogério remassem, ainda que em barcos diferentes, rumo ao seu porto.
Mitidieri soube costurar alianças mais na base do diálogo do que da ideologia. Essa ampla coalizão pode ser um trunfo, mas também um desafio em 2026. Afinal, como manter bolsonaristas e lulistas no mesmo palanque? Essa é uma pergunta que fica para os próximos capítulos.
Por ora, o governador demonstra que sabe jogar com paciência e antecipação. No xadrez político sergipano, Fábio está um lance à frente, enquanto seus adversários ainda tentam entender suas jogadas — embora muitos jurem que também dominam o jogo.
Notas da Semana
Eleição marcada por denúncias
O PED 2025 do PT não escapou de polêmicas. Denúncias de abuso de poder econômico e compra de votos marcaram o processo. Onde ficou o velho discurso de Duda Mendonça do “Xô, corrupção”? E a luta contra as oligarquias que usam a miséria como trampolim político?
Eleição marcada por denúncias II
A resposta é dura, mas simples: o PT, como tantos outros partidos, está imerso em um sistema contaminado por práticas viciadas. O discurso de mudança resiste, mas a prática se rende ao modus operandi vigente. Lamentável.
Eleição marcada por denúncias III
Em Brejo Grande, o deputado João Daniel foi acusado de usar cestas básicas de um programa federal para beneficiar seu agrupamento. O grupo de Cássio Murilo, por sua vez, teria incluído um filiado em uma chapa sem sua autorização. Já Sissa Carvalho viu seu nome envolvido após a divulgação de um áudio em que uma aliada oferece cachaça para mobilizar eleitores. Como dizem nas redes: “cuida pra cuidar”.
Emília pede “muita calma”
Questionada sobre quem liderará a oposição em 2026, a prefeita Emília Corrêa respondeu: “Tenha calma, muita calma”. Disse estar tratando do assunto com “muita responsabilidade”, mas não revelou nomes nem estratégias. O suspense continua.
Por: André Morais